Os estudos linguísticos e arqueológicos indicam que esses povos migraram de um ponto comum, ocupando progressivamente grandes áreas do Brasil. A integração de conhecimentos linguísticos, etnológicos e arqueológicos é essencial para entender melhor a pré-história desses povos e suas contribuições para a diversidade cultural do Brasil.
A pesquisa arqueológica no Brasil, e no Nordeste, teve seus inícios influenciados por viajantes, naturalistas e missionários estrangeiros, misturando dados científicos com fantasias e mitos. Havia uma busca por uma origem mais "nobre" ligada a civilizações do Velho Mundo, como fenícios, gregos ou israelitas, muitas vezes tentando situar os indígenas americanos dentro de episódios bíblicos como a Arca de Noé e as tribos perdidas de Israel. O mito fenício, em particular, foi bastante persistente, alimentado por relatos como a apócrifa inscrição fenícia da Paraíba e figuras como Ludwig Schwennhagen, que transformou formações geológicas no Piauí no mito das Sete Cidades fenícias. Essa fase "mitológica" conviveu, por um tempo, com os primeiros passos da pesquisa científica.
O Nordeste pré-histórico, especialmente as grandes áreas semiáridas (sertões), apresentava climas diferentes no Pleistoceno, com a presença de Mata Atlântica em áreas que hoje são mais secas. A ocupação humana nesse período conviveu com uma fauna rica, hoje extinta. As vias mais antigas de povoamento são ainda desconhecidas, mas indícios sugerem a importância das terras altas de savana de Goiás e das bacias dos rios São Francisco e Parnaíba.
Um dos aspectos mais ricos da pré-história paraibana é o universo simbólico registrado na arte rupestre (pinturas e gravuras). Considerada a primeira manifestação estética da pré-história brasileira, a arte rupestre da Paraíba é notavelmente rica e expressiva. O estudo desses registros envolve a discussão de categorias analíticas e problemas de interpretação dentro do contexto arqueológico.
Publicado em: 20 de Maio de 2025 por Equipe Minha Paraíba
A pesquisa arqueológica no Brasil, e no Nordeste, teve seus inícios influenciados por viajantes, naturalistas e missionários estrangeiros, misturando dados científicos com fantasias e mitos. Havia uma busca por uma origem mais "nobre" ligada a civilizações do Velho Mundo, como fenícios, gregos ou israelitas, muitas vezes tentando situar os indígenas americanos dentro de episódios bíblicos como a Arca de Noé e as tribos perdidas de Israel. O mito fenício, em particular, foi bastante persistente, alimentado por relatos como a apócrifa inscrição fenícia da Paraíba e figuras como Ludwig Schwennhagen, que transformou formações geológicas no Piauí no mito das Sete Cidades fenícias. Essa fase "mitológica" conviveu, por um tempo, com os primeiros passos da pesquisa científica.
Os Primórdios da Pesquisa e os Mitos
A pesquisa mais sistemática na pré-história do Nordeste demorou a se desenvolver em comparação com outras regiões do Brasil, ganhando impulso a partir dos anos sessenta. Relatos antigos de pinturas e gravuras rupestres, feitos por figuras como Feliciano Coelho de Carvalho e Elias Herckman já no século XVI e XVII, foram alguns dos primeiros indicadores da rica pré-história da região.
Ocupação e datas
Apesar das evidências arqueológicas antigas, o número de restos humanos atribuíveis a épocas pleistocênicas muito antigas é escasso no Brasil, e nenhum resto humano encontrado é anterior a 12.000 anos BP. A falta de achados esqueletais antigos é atribuída a fatores como solos ácidos, clima úmido, ritos de incineração, baixa densidade populacional e falta de pesquisas. O esqueleto humano mais antigo encontrado no Nordeste, datado em 9670 anos BP, foi descoberto na Toca da Janela da Barra do Antonião, em São Raimundo Nonato, Piauí.
As vias mais antigas de povoamento no Nordeste são ainda objeto de estudo, mas os primeiros indícios parecem apontar para as terras altas (tipo savana) de Goiás e as bacias do São Francisco e do Parnaíba. Os registros arqueológicos mais antigos concentram-se principalmente em formações cársticas (calcário), indicando que os grupos humanos circulavam pelas chapadas e buscavam abrigos profundos para se protegerem. A gruta é vista como um "produto da noite e do medo". A bacia do rio São Francisco foi um centro de atração e caminho natural para grupos pré-históricos desde o fim do pleistoceno. Regiões como a Serra da Engabelada na cidade do Congo e arredores, na Paraíba, foram o "habitat" de caçadores pré-históricos, autores das pinturas rupestres da tradição Agreste, com sítios abundantes.
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Publicado em: 20 de Maio de 2025 por Equipe Minha Paraíba
O Nordeste pré-histórico, especialmente as grandes áreas semiáridas (sertões), apresentava climas diferentes no Pleistoceno, com a presença de Mata Atlântica em áreas que hoje são mais secas. A ocupação humana nesse período conviveu com uma fauna rica, hoje extinta. As vias mais antigas de povoamento são ainda desconhecidas, mas indícios sugerem a importância das terras altas de savana de Goiás e das bacias dos rios São Francisco e Parnaíba. Os registros arqueológicos mais antigos são frequentemente encontrados em formações cársticas (grutas e abrigos sob rocha), indicando que os primeiros grupos buscavam esses locais para proteção. No litoral, não há indícios de ocupações pleistocênicas, e as ocupações conhecidas (como os Sambaquis do Maranhão e Bahia, e sítios dunares pré-cerâmicos no RN) pertencem principalmente a grupos mais recentes.
Ocupação Humana no Nordeste
Com base nas fontes e em nossa conversa anterior, a ocupação humana na pré-história do Nordeste do Brasil, segundo a autora Gabriela Martin, é um processo complexo, de longa duração e marcado por grande diversidade e adaptação a um ambiente por vezes adverso.
As vias mais antigas de povoamento no Nordeste são ainda objeto de estudo, mas os primeiros indícios parecem apontar para as terras altas (tipo savana) de Goiás e as bacias do São Francisco e do Parnaíba. Os registros arqueológicos mais antigos concentram-se principalmente em formações cársticas (calcário), indicando que os grupos humanos circulavam pelas chapadas e buscavam abrigos profundos para se protegerem. A gruta é vista como um "produto da noite e do medo". A bacia do rio São Francisco foi um centro de atração e caminho natural para grupos pré-históricos desde o fim do pleistoceno. Regiões como a Serra da Engabelada na cidade do Congo e arredores, na Paraíba, foram o "habitat" de caçadores pré-históricos, autores das pinturas rupestres da tradição Agreste, com sítios abundantes.
Publicado em: 20 de Maio de 2025 por Equipe Minha Paraíba
A ocupação não foi homogênea, apresentando diferentes fases e tradições culturais ao longo do tempo e em distintas áreas geográficas. Inicialmente, predominavam grupos de caçadores-coletores, que exploravam diferentes ambientes e recursos. Exemplos incluem ocupações na Gruta do Padre (hunter-gatherers entre 7.000 e 2.500 BP) e a tradição Itaparica no vale do São Francisco (a partir de 9.000 anos BP, possivelmente antes).
Evolução e Diversidade Cultural
Formações rochosas impressionantes, como o Lajedo de Pai Mateus, oferecem um cenário espetacular, especialmente ao pôr do sol. Sítios arqueológicos com inscrições rupestres, como a famosa Pedra do Ingá (embora no agreste, é um ponto de partida para explorar o interior), contam histórias de povos ancestrais.
No Holoceno (a partir de 12.000 anos BP), observa-se um aumento na densidade das ocupações humanas e um refinamento tecnológico nas indústrias líticas em alguns sítios, como na fase Serra Talhada em Pedra Furada. Posteriormente, surgem grupos ceramistas e com práticas incipientes de agricultura. O processo de "neolitização" é observado, especialmente no litoral, começando com sambaquis e acampamentos costeiros e evoluindo para aldeias. Grupos como os da tradição Tupiguarani chegaram ao litoral nordestino a partir de aproximadamente 1000 AD, ocupando aldeias, muitas vezes em locais já habitados por outros grupos ceramistas anteriores (como Aratu e Papeba), com os quais podem ter entrado em choque. A mobilidade desses grupos era comum, mesmo entre agricultores incipientes, devido ao rápido esgotamento da terra.
Arte Rupestre e Tecnologia. Os Mistérios da Pedra do Ingá
Publicado em: 20 de Maio de 2025 por Equipe Minha Paraíba
De acordo com a autora Gabriela Martin, a arte rupestre, ou o que ela e outros arqueólogos preferem chamar de registro rupestre para retirar a conotação puramente estética, é, sem dúvida, a primeira manifestação artística do homem em grandes áreas geográficas, especialmente na pré-história brasileira. No Nordeste, essa manifestação é particularmente rica.
Símbolos e Significados da Arte Rupestre
A autora considera o registro rupestre como a primeira manifestação estética da pré-história brasileira. Na ótica da história da Arte, representa o começo da arte primitiva brasileira. Embora o debate sobre o termo "arte" aplicado a registros pré-históricos exista, a autora defende que toda manifestação plástica faz parte do mundo das ideias estéticas e, consequentemente, da história da Arte. O pintor pré-histórico, ao retratar fatos relevantes de sua existência nas rochas, possuía um conceito estético de seu mundo e circunstância. Embora a intenção pudesse variar (magia, registro histórico), o pintor "certamente desejava que o desenho fosse 'belo' segundo seus próprios padrões estéticos", e ao fazer isso, estava criando Arte.
Apesar da importância estética, a autora ressalta que o estudo arqueológico da arte rupestre deve estar sempre associado ao contexto arqueológico do sítio onde é encontrada, para identificar os grupos étnicos autores das pinturas e entender seu "habitat" e estratégias de sobrevivência. A interpretação do significado desses grafismos é complexa e exige cuidado, pois podem ter múltiplos sentidos e significados, mesmo grafismos "universais".